A autora do livro, "Chico Buarque e os meus botões", Maria Stela Faciola Pessoa Guimarães, diz que, "Pedaço de mim é um diálogo entre mulher e homem no momento de separação, de perda, de despedida".
Portanto, a única alternativa foi fazer uma segunda leitura do mesmo, narrando o descrito miudamente, sem deixar passar os mínimos detalhes.
Para tanto, Maria Stela, apresenta uma síntese histórica da música , "Os versos “Oh, pedaço de mim”, especialmente, bem como os demais, em certa medida, podem ser lidos com base na Bíblia Sagrada / O Velho Testamento / Livro do Gênesis. Depois de tratar da criação do céu e da terra e tudo o que neles se contém, da criação dos seres viventes e da formação do jardim do Éden, o livro de Moisés aborda como Deus criou a mulher":
“21. O Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu: e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar.
22. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher: e trouxe-a a Adão.
23. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne: esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada".
"Vale a pena observar a dramática riqueza das comparações escolhidas por Chico para conceituar saudade. Quando o verbo é exilar, a saudade é comparada com um barco (para lembrar viagem). Se o verbo é arrancar, o paralelo chocante é a morte de um filho. Se o verbo é amputar, a saudade é igualada à fisgada do membro perdido, explica Maria Stela".
“Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus”.
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